9.4.12

8 de abril - Okayama e Nagasaki

Saímos super cedo do hotel - o despertador tocou cinco e meia da manhã! como a guia disse, "ônibus espera, trem-bala não espera". A estação de Okayama fica em frente do hotel, foi só cruzar pela passarela e pegar o trem-bala para Nagasaki. Esse trem-bala era mais novo, com poltronas mais confortáveis do que o do avião da Air Canada que nos trouxe ao japão. 3 horas de trem-bala, chegamos a Hakata, onde trocamos de trem para Nagasaki. Esse era um trem normal e bem pobrinho, viemos com o sol forte e o ar condicionado simplesmente não deu conta. Passamos por diversas cidades pequenas, mais pobres, com algumas pichações e prédios abandonados. Também vimos muitos campos ainda sem plantio, e estufas de morango. Enfim, depois  de duas horas (isso, já estávamos viajando há cinco horas), chegamos a Nagasaki.
Antes de cair a bomba, Nagasaki era conhecida por ter sido o primeiro porto de entrada de estrangeiros no Japão - os primeiros ocidentais a chegarem aqui foram portugueses, vítimas de um naufrágio, no século XVI. Depois vieram mais europeus, trazendo padres jesuítas que difundiram o cristianismo na cidade. O xógun não gostou, mandou fechar os portos, confinou os europeus em um gueto - muito bonito, de casas grandes no estilo ocidental, mas ainda assim um gueto - e proibiu o cristianismo no Japão. Muita gente morreu e muitos cristãos passaram a se esconder, chegando a ter uma imagem de Maria no estilo oriental, chamada de Maria Canon - mais ou menos como chamar Yemanjá de Nossa Senhora, um sincretismo oriental. Há muitas lojas e comidas com influência portuguesa, como um bolo, estilo pão-de-ló, chamado Castela, e há estátuas de holandeses também, no estilo de Maurício de Nassau.
Em Nagasaki subimos uma ladeira maior do que as de Olinda, extremamente íngreme, para conhecer uma igreja católica Oura, que foi visitada pelo papa João Paulo II. Apesar de estar aberta e ser domingo de páscoa, não havia padre e nem celebração - de toda a população do país, só um por cento é de católicos, o que prova que a proibição do Xógun surtiu efeito. A igreja, em si, é praticamente igual a todas as igrejas do Brasil, não é muito grande e nem luxuosa. O que eu gostei foi do museu do lado, com a imagem de Maria Canon. Bem perto da igreja fica a Mansão Glover, casarão de um escocês, o lorde Glover, que morou no Japão no século XVIII e se apaixonou pelo país e pela japonesa Tsuru. É um casarão de três andares, com varandão, estilo ocidental - com um certo ar português. Os jardins são muito lindos e têm uma vista privilegiada da baía  e do porto de Nagasaki. A casa foi cenário da ópera Madame Butterfly, e tem uma estátua da cantora japonesa que interpretava esse papel e de Puccini, o autor da ópera.
Saindo da Mansão, passamos pela praça que é o epicentro da bomba atômica; está cercada por cerejeiras e muitos monumentos. Vimos alguns destroços que foram preservados da época da guerra, seguimos para a praça da paz, onde estão estátuas enviadas por diversos países como um pedido de paz mundial; a mais bonita, na minha opinião, é a de uma mulher em pé, encostada em um rochedo, olhando para três pombas. A do Brasil também está lá, é o contorno do mapa com uma inscrição em japonês e um pombo pousado mais ou menos no alto do Maranhão. Por uma imensa coincidência, foi o irmão de uma das participantes da excursão que fez a escultura; é uma senhora muito velhinha que todos chamamos de obachan, "vovó".
´Lá também há uma fonte de água potável, sempre em movimento, como uma oferenda ao mortos da guerra - em uma pedra, está gravado o trecho de um diário de uma menina que sobreviveu à bomba, mas, com muita sede, bebeu água contaminada e morreu. então, a fonte é uma oferenda às almas dos que tiveram sede, e há, em outro lugar da praça, um local onde visitantes deixam garrafas de água mineral em intenção delas.
Deixamos a praça com o coração triste, e a guia nos levou para uma lojaa de pérolas. é uma loja chinesa, com muito dourado, vermelho e muita coisa espantosamente brega, como porquinhos, coelhos, dragões e até um manekineko cobertos de pérolas cultivadas. desnecessário dizer que são caríssimos.
Nessa loja há desde as pérolas cultivadas até as pérolas verdadeiras, que chegam a custar mais de 30 mil reais o colar. O legal é que há a possibilidade de escolher uma ostra, abrir e, se tiver pérola, mandar incrustar em pingente para colar, anel ou chaveiro. Claro que eu fui abrir uma, e dei sorte! por 500 yens, abri a ostra - se não tivesse pérola, bem, paciência, mas tinha! iei! O ourives colocou na hora num colar, como um pingentinho, foi presente do Fred.
Fomos para o hotel depois de todas essas emoções. Dormi muito mal, acordei 3 e meia da manhã.

2 comments:

  1. Uia, que sorte com a pérola! :-D

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  2. esses memoriais aos mortos de guerra/desastre/terrorismo sempre me deprimem...

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