10.4.12

10 de abril - Beppu, Hiroshima

 A guia falou que a cidade de Beppu era um destino famoso para lua-de-mel até uns 40, 50 anos atrás, o que é bem irônico: a cidade é conhecida por suas fontes termais, chamadas jigoku (infernos). então as pessoas casavam e iam passar a lua-de-mel no inferno :)
Um guia local nos informou que há 11 tipos de fontes termais no mundo, e dez estão em beppu. há águas sulfurosas, há cristalinas, há escuras cor de sangue, vimos um gêiser... a explicação para o nome "inferno" é que, antigamente, quando a natureza era mais natural, as pessoas não podiam viver em beppu porque tudo era muito instável. Sai vapor quente pela cidade inteira, do chão, mesmo. agora domaram, canalizaram, fizeram coisas bonitas, cobram ingresso para entrar e botam uma lojinha de lembranças e um templo xintoísta em quase todos os lugares (raciocínio de fred)
O jigoku que visitamos depois do gêiser (a gente espera sentado um tempão, o gêiser espirra por cinco minutos e acabou - meio blé, sinceramente) é extremaamente bonito. há lagos de água quente com diferentes características: um é bem grande, com o fundo bem verde, refletindo as árvores e as cerejeiras em flor; outro é menorzinho, com água morna, e lá são cultivadas vitórias-régias, o símbolo deste jigoku. Elas crescem e florescem mesmo no clima frio, pois a temperatura da água compensa a do ar; outro, de água azul-piscina claríssima, a guia disse que é chamado de jigoku caribenho, a água cor do mar do caribe - e cozinham ovos de galinha para vender na loja, dizem que faz muito bem à saúde. Neste sai muito vapor de água, com cheiro de enxofre - mas bem menos que em hakone. Tem o jigoku de sangue, com muito minério ferroso no fundo, dando uma impressão de sangue fervendo. ui, que medo. Perto desse poço, está uma estufa com uma grande piscina onde florescem lótus e mais algumas vitórias-régias. Nessa estufa há muitas orquídeas, buganvílias e até duas ou três bananeiras carregadinhas de pencas ainda bem verdes. Não há bananas no Japão, por conta do clima frio, e elas são importadas da Tailândia, segundo disse uma moça da excursão.
Do outro lado há toris de vermelho vibrante, que levam a um pequeno templo no alto de uma ladeirinha.Que vista linda!
Aprendi há poucos dias mais um costume japonês: muitas atrações turísticas disponibilizam carimbos para que as pessoas carimbem cartões-postais como lembrança do lugar. Carimbei meu caderno e dois postais no gêiser e no jigoku.
Depois das visitas do dia, pegamos um trem-bala para Hakata (já estivemos lá antes, fazendo baldeação). Esse trem, apesar de bonito, era muito instável, balançava horrivelmente e eu fiquei enjoada. Em Hakata pegamos um trem-bala decente para Hiroshima, e eu dormi a viagem quase toda.
Chegamos no fim da tarde e caminhamos um bom pedaço até o hotel. Fred, que carrega uma bolsa de viagem, sofreu, coitado. Minha mochila tem rodinha, então não foi difícil prá mim.
Pouco depois das sete da noite, saímos com a guia para comer o prato típico da cidade: okonomiyaki. Eu achava, pelas fotos, que era algo como uma panquecona ou um omeletão, mas é mais para um mexido. Fazem uma base de ovo frito, onde colocam repolho, macarrão (fino ou grosso) e bacon ou lula ou camarão ou ostra ou tudo junto. Servem com um molho grosso e escuro, tipo barbecue. Se o freguês quiser ainda vai uma cuia grande de cebolinha verde por cima.
Fred pediu o especial e limpou o prato. Eu só consegui comer metade e saí bem cheia. Na mesa, só o Fred comeu tudo :)
O okonomiyaki é feito na chapa, na frente dos fregueses, mas a gente ficou numa mesa. Os restaurantes estavam cheios com o pessoal saindo do trabalho e alguns estudantes. Um rapaz de terno sentou no banco em frente à chapa e levou vapor na cara o tempo todo enquanto o chef preparava a comida - mas nem ligou, deve estar acostumado. De lá, o grupo foi comprar doces típicos e eu e fred voltamos para o hotel. Compramos um rocambole confeitado como um gatinho e comemos aqui. Estava macio e úmido e não muito doce, pão-de-ló de chocolate, recheio de creme e cobertura de um ganache molinho de chocolate, todo trabalhado no bico de confeitar.
Este hotel é bonito por fora, mas o nosso quarto não é muito bom. A vista é o fundo dos prédios da rua e ouvimos o trem passar a noite toda. O banheiro é ainda menor do que o de Beppu - ou entra a pessoa, ou entra o sabonete, mas a banheira é bem funda, vai acima do meu joelho. pena que é bem estreitinha.

 tudo é extremamente organizado e limpo. hordas e hordas de turistas - e nem um papelzinho no chão. é de emocionar uma pessoa.
comprei sais de banho no Myoban Yumosato - eles são extraídos de maneira artesanal desde a época meiji (século 18-19) e tomei banho com eles. dizem que são medicinais e que as pessoas da região tem melhor saúde e menos rugas que os outros. um bom caso de marketing :)
Nesse mesmo local eles cozinham milho e bolinhos de arroz no vapor das águas termais. Os bolinhos de arroz estão enrolados em alguma folha, parece folha de bananeira. Lembram uma pamonha triangular, ou o bolo de puba  que é assado em folha de bananeira no sertão de Pernambuco.

No comments:

Post a Comment